quinta-feira, 11 de julho de 2013

''MUTAÇÕES''



 Entre valores falsos de falsos valores
medimos passos de sombras
tantas vezes que
nos deixamos ficar
dentro da violência da vida
e ficamos deixando-nos.

Sobre o ombro da noite
deitamos nossas esperas
como um rio negro de vivos-mortos.

Numa sociedade sem rumo
só de consumo
navegamos como gaivotas sem garganta
ou barco sem narinas
onde a vida nos sobressalta
entre o preto-roxo a comungarem.

E numa procissão de ar severo e triste
espelho minha bandeira
a de pão e sangue
entre domingos plenos de chão.

Choramos sobre as vidraças da alma
sem portos, sem faróis, sem redenções
onde a dor há de nascer e
sempre brotada do ventre
do ventre da religião dos dias
incolores, desiguais.

Alvina Nunes Tzovenos
in Palavras ao tempo

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