sexta-feira, 11 de julho de 2014

SEGMENTOS



 
E o homem seguiu entre guizos falsos.
Trazia no rosto uma sofreguidão de charcos.


Era noite
e os fantasmas enlouquecidos não o deixavam seguir.


Assim
andarilho de madrugadas
homem de silêncios fartos
ele se enfatizou.


Riscou de seu rosto a mascara da vida.


Continuava só
e só, continuava em sua busca viscosa.


Já não era mais ele quem fremia
na porta dos bares vazios.


Era a nostalgia de seu espectro
que buscava carnavais de sorrisos.  



Alvina Nunes Tzovenos
In: Palavras ao Tempo


DESCOMPASSOS



 
Baila sob a luz das estrelas.
Desata o fio de teus sapatos.
Deixa que o sol te beije de esperanças e risos.
Faze de tua vida
um hino ao beijar os olhos da manhã
uma harpa ao por os pés no ventre da noite
um rodopio de azuis, de conchas e de búzios.


Deixa que o vento brinque com teus pés
a chuva te beije ate se cansar
as flores e os verdes e os caracóis
enfeitem teus cabelos de verões.


Corre atrás da vida com ternura de criança
e canções plenas de paz
e com risos de palhaços
porque tudo, todos nos
brincamos de viver bem
sempre, sempre
num carrossel
no circo da vida.



Alvina Nunes Tzovenos
In: Palavras ao Tempo

SOBREVIVÊNCIA



Imagens fulgidas bailam no segredo das horas
brincam de luas
redemoinham emoções em espirais de fogo.


Imagens secas ou desfolhadas
manchadas de luz severa
não vestem intenções.


Revoltas em cinzas
brincam de quimeras.


Imagens crianças
risonhas prometem céus.


Imagens esperanças
gritantes
imitam o marulhar das águas.


Imagens retalhos vermelhos
prometem auroras
na crença de todas as horas.



Alvina Nunes Tzovenos
In: Palavras ao Tempo